Natal sem cilada

Cair em mentiras e golpes na internet no fim de ano pode resultar em roubo de dados pessoais ou até em pagamentos por produtos inexistentes. Especialistas recomendam atenção aos sites e cautela com links e e-mails suspeitos. Confira dicas de como se proteger

em sempre aqueles descontos de mais de 70%, créditos de mais de R$ 1 mil ou prêmios em sorteios anunciados por sites de compras no fim de ano podem ser confiáveis. Não são poucas as estratégias utilizadas por hackers e golpistas na hora de se aproveitar da disposição do público em gastar dinheiro na internet com a proximidade do Natal ainda mais para quem deixou o presente para a última hora.



O número de ameaças não necessariamente aumenta neste período do ano. No entanto, elas se apresentam com uma roupagem diferente e muito eficiente em chamar a atenção de quem está em busca de presentes na internet. "Nesta época, as pessoas estão com mais orçamento e à procura de produtos ativamente. Por isso, uma mensagem enganosa disfarçada de oferta consegue casar melhor com as expectativas do consumidor que a vê", analisa Thiago Hyppolito, engenheiro de Produtos da McAfee, empresa especializada em segurança virtual. "O internauta busca um preço baixo agora, então informações assim fazem sentido para ele. E aí, ele pode agir de forma precipitada."

São diversas as estratégias online adotadas por golpistas com a proximidade do Natal (confira quadro). Uma das mais comuns são e-mails de contas que fingem ser de lojas ou bancos. Na mensagem, freqüentemente um texto fala sobre algum tipo de pagamento não efetuado ou, então, é apresentado um link ou arquivo em anexo, ambos maliciosos, contendo malwares. Caso a pessoa caia na jogada, o hacker consegue facilmente ter acesso a diversos dados pessoais e até bancários do usuário.

Outro exemplo são sites forjados para simularem lojas conhecidas. Em pesquisa, o Informática encontrou um exemplo: uma página fingia pertencer a uma conhecida rede varejista e anunciava um iPhone 5S de 16GB por aproximadamente R$ 1 mil. O preço chama a atenção, já que um modelo desses custa, normalmente, R$ 2 mil. Além disso, todo o visual é idêntico ao usado pela franquia na internet. O cliente desavisado pode, então, efetuar um pagamento para um produto que não chegará nunca.

O que denuncia a farsa é o endereço apresentado na barra superior, muito diferente da URL oficial do site. Para a advogada especialista em direito do consumidor Ana Elisa Rocha, uma das principais dicas é justamente não deixar esse tipo de detalhe passar despercebido. "Conferir o endereço da página na hora de comprar é um passo básico", opina.

A mesma página com o anúncio falso de iPhone 5S também apareceu no Facebook como publicação patrocinada, o que denuncia a estratégia elaborada pelos golpistas responsáveis: pagar a rede social para que a farsa atinja um público ainda maior.

Instagram

Nem todas as peças pregadas por pessoas mal-intencionadas na internet, porém, visam roubo de dados ou de dinheiro. Outras práticas se aproveitam de falsas promoções e produtos para enganar internautas, mas com conseqüências que, apesar de menos graves, ainda incomodam quem cai na mentira.

Um exemplo foi a grande quantidade de perfis falsos surgidos no Instagram durante a Black Friday. Esses usuários fingiam pertencer a grandes lojas e diziam que os primeiros a tirarem print screen de um post específico e seguirem o perfil ganhariam grandes quantias de crédito para fazer compras nesses estabelecimentos.

O publicitário Yuri Basilio acreditou em uma dessas promoções e seguiu os comandos de um perfil que se passava pela conta oficial de um site de compras. "A gente acredita e só depois começa a pensar melhor. Fiz alguns cálculos e vi como eles estavam prometendo uma quantidade absurdamente alta de dinheiro em prêmio", relata Basilio. Ele conta que ficou mais cético ainda quando, em seguida, viu uma suposta postagem de promoção da Apple na rede social. "Eles nunca fazem algo assim. Daí, fiquei convencido de que era mentira."

O episódio do Instagram chamou a atenção na internet e logo a farsa ficou evidente. A explicação mais provável para ações desse tipo é que se trata de uma estratégia para conseguir aumentar o número de seguidores de um perfil específico. Na época, algumas das contas que se passaram por lojas mudaram de nome e avatar já no dia seguinte, para algo completamente diferente. "Eu sei que, às vezes, isso também é feito para depois vender o perfil cheio de seguidores para alguém", denuncia Basilio. "Pode não ser tão perigoso quanto um vírus, mas a gente não deixa de se sentir enganado e utilizado. Principalmente se for para alguém lucrar à nossa custa", desabafa o publicitário.

Após ter sido enganado no Instagram, Basilio conta ter ficado mais atento. Agora, consulto sites que listam páginas que devem ser evitadas na hora de comprar neste fim de ano, como a do Instituto de Defesa do Consumidor (Procon)."

Para Ana Elisa, essa é outra atitude importante a fim de se prevenir dos golpes ou de más compras. "Se algum site é suspeito, vale a pena conferir sites com reclamações de consumidores, como do Procon ou o Reclame Aqui." Ainda de acordo com a advogada, também vale a pena sempre manter registros das negociações on-line. "Tire print screen de páginas, salve e-mails, tudo que ajude a documentar o processo. Isso ajuda no caso de algum problema", recomenda.

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