Na última semana, a Kaspersky foi acusada de enganar softwares antivírus da concorrência para gerar falsos positivos e minar propositalmente sua atuação. Depois da própria empresa negar oficialmente as informações, é a vez do CEO da companhia, Eugene Kaspersky, falar de forma bastante pessoal sobre o assunto, repudiando as afirmações publicadas em matéria da Reuters e criticando a imprensa no processo.

Para ele, o uso de fontes anônimas por jornalistas poderia ser usado para confirmar todo e qualquer tipo de informação, até mesmo o assassino de John Kennedy, os propósitos e poderes divinos dos Maçons ou quem controla o Triângulo das Bermudas. Ele disse que as afirmações dos ex-funcionários da Kaspersky ouvidos pela reportagem não têm sentido algum e são completamente irreais.

O caso aconteceu entre 2012 e 2013 e, de acordo com o executivo, tem a ver, sim, com uma campanha, mas não organizada por sua empresa, e sim por grupos de hackers que queriam reduzir a confiança dos usuários em softwares antivírus para que, depois, pudessem realizar seus ataques. Isso gerou uma onda de falsos positivos na indústria, com nomes como o Steam, QQ e Mail.ru estando entre os softwares que eram identificados por aplicativos de segurança como potencialmente perigosos.

Os criminosos teriam espalhados pela rede versões quase legítimas de tais aplicações, levemente modificadas para conter elementos ou códigos que fossem detectados pelos antivírus, mas sem a intenção de causar danos ou roubar dados. Ao verem que seus softwares aparentemente confiáveis estariam sendo identificados erroneamente, os usuários poderiam trocar de solução ou até mesmo abandoná-las completamente, o que abriria as portas para golpes futuros.

Para lidar com o problema, a Kaspersky teria se reunido com especialistas de segurança e outras empresas do setor para chegar a conclusões sobre o que fazer para resolver a questão. Os participantes trocaram informações, chegaram a algumas conclusões e trabalharam juntos em um plano de ação, que foi aplicado individualmente por cada um.

Foi justamente aqui que, afirmam as fontes, a empresa teria levado seus rivais ao erro. Antes da reunião, um trabalho de engenharia reversa nos antivírus de empresas como Microsoft e AVG, por exemplo, teria sido realizado. Como a colaboração entre as companhias do ramo é normal, os novos dados compartilhados teriam levado tais softwares a entregarem mais falsos positivos para seus usuários, o que, eventualmente, os levaria a utilizar as soluções de proteção da Kaspersky.

O CEO admite que um dos assuntos da reunião foi, justamente, que a campanha tenha sido criada por uma fabricante de antivírus como forma de minar a concorrência, algo que foi refutado, também na ocasião, por ele. Kaspersky lembra também do passado, que respondia a jornalistas com uma placa, com a palavra "não", sempre que um deles perguntava se a companhia também desenhava vírus para que pudesse entregar a cura. Para ele, essa é uma noção totalmente infundada e arcaica, que não tem espaço em um negócio que é totalmente construído em cima da confiança entre desenvolvedor e usuário.

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