Um ranking feito a partir dos dados vazados do site Ashley Madison, que promove encontros extraconjugais, revelou que São Paulo lidera com folga a lista de cidades com maior número de usuários no mundo. A capital paulista tem 374.542 cadastrados, seguida por Nova York, com 268.171. Uma diferença de mais de cem mil pessoas. O Rio de laneiro fica na 11^ posição, com 156.572 cadastrados. Já Brasília tem 97.096, na 203 posição.

Os dados foram condensados pelo site Dadaviz, a partir de informações de mais de 36 milhões de pessoas que foram vazadas por hackers no início da semana. Também estão na lista de cidades onde o endereço é muito popular Sydney, com o 3^ lugar, seguida por Toronto, Santiago, Melbourne, Houston, Los Angeles, Londres e Chicago.

O Brasil também ganhou destaque quando o assunto são pessoas que usam e-mails ligados a órgãos públicos. O país tem o segundo maior índice de e-mails com essa natureza cadastrados no endereço: 918. Em primeiro lugar estão os Estados Unidos, com 1.405.

CANADÁ É 0 PAÍS COM MAIS USUÁRIOS

Mas as informações divulgadas vão muito além de rankings, fornecendo pistas sobre o perfil dos usuários do site. A maioria absoluta é de homens (86%), sendo que a maior parcela (58%, 18,3 milhões) é comprometida e está em busca de mulheres, seguida pelos solteiros (40,3%, 12,6 milhões) também em busca de mulheres. Já entre o público feminino há 2,3 milhões de moças comprometidas e 1,8 milhão de solteiras. O público LGBT soma pouco mais de um milhão.

O país com o maior percentual de cadastrados é o Canadá, com 6,3% de sua população. Na seqüência, aparecem Estados Unidos (5,1%) e Austrália (4,6%). E quem é usuário do site deve ficar esperto: o levantamento mostrou também que 34% dos perfis são falsos.

Segundo a professora da ESPM-Rio Maria Cláudia Tardin, que é doutora em Psicologia Social, chama a aten-

ção o alto número de solteiros:

- Isso é um forte indicativo de como as pessoas, cada vez mais, estão buscando as ferramentas digitais para se relacionar, já que o site tem os comprometidos como público principal.

Segundo ela, esse comportamento tem a ver com o fetiche de um maior controle sobre a imagem que essas ferramentas oferecem:

- Pela internet, você pode usar uma foto mais produzida ou tratar as imagens. Para muitos, isso soa mais fácil que um encontro pessoal.

Quanto ao destaque da capital paulista no ranking, Maria Cláudia acredita que é mais um indicativo da maneira como o conceito de homem é trabalhado na cultura brasileira.

- Estamos falando de um site em que os homens são maioria. E, no Brasil, aprende-se desde menino que ho

mem precisa ter várias namoradas e um alto poder de sedução diz.

Os dados têm como origem o arquivo de 9,7 gigabytes de informações que foi publicado na rede TOR, na web profunda. Aparentemente, o arquivo inclui logins, nomes, senhas criptografadas, detalhes de transações e até números finais de cartões de crédito. Na noite de ontem, notícias de novos vazamentos começaram a circular pela rede. Por meio de sua assessoria, o Ashley Madison informou que está investigando os responsáveis pelo ataque e colaborando com as autoridades que trabalham no caso.

Segundo Fábio Assolini, analista sênior de malware da Kaspersky Lab no Brasil, uma vez vazados, torna-se praticamente impossível o controle sobre esses dados:

Elas podem cair nas mãos de golpistas que queiram usar identidades falsas para abrir contas, por exemplo.

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